sexta-feira, 11 de junho de 2010

Os primeiros passos.

Foto do Ivo Sznelwar do primeiro ou segundo treino do Dimep. Acho que foi o primeiro que o carro andou mais forte, pois ele ferveu. Por acaso eu dei a sorte de saber qual era o problema, e ser o primeiro a apontar para ele. Eu já fui inocente de acreditar que todo problema tivesse uma solução tão fácil, ou até mesmo imaginar que eu era um bom engenheiro. Foi pura sorte de principiante. Mas não estava totalmente errado. A coisa só funciona na base da experiência. Tem que ir lá e ficar olhando por horas, até entender o que acontece. Nesse caso, tudo começo com uma viagem para Brasília no Omega da família. Pegamos alguma chuva no meio do caminho, e a carroceria secou tomando ar a mais de 100 km/h. Ao parar no posto a marca da chuva revelara as linhas de fluxo da excepcional aerodinâmica do Omega. Então com 13 anos de idade aprendi que existia uma ferramenta da natureza para checar aquilo que os engenheiros faziam em um túnel de vento.
Quando comecei a frequentar o autódromo, trabalhando para o Edu Harmel e depois para o Ivo, numa dessas provas passeando nos boxes numa corrida dos 500 km estava vendo a carroceria nova de um protótipo. Era um dia meio frio, de chuva leve. Meus ouvidos captaram que aquele carro estava fervendo. A natureza que revelara as linhas de fluxo de um carro bem feito como o Omega, revelou ali que o ar que subia entre o bico e o pára-lama descolava a camada devido a forma. Não entrava ar no radiador!
O carro era semelhante ao Audi R8. Assim como a primeira versão do Dimep GT-R1. Embora não soubesse o motivo daquela falha no protótipo, sabia que o design era crítico. Então não tive dúvidas de apontar que o problema era ali. E era mesmo. O carro foi atualizado para entradas de ar tipo Audi R10 e não teve mais problemas de arrefecimento.
Como funcionava em LeMans era uma dúvida, pois vários outros carros foram feitos para a prova com o mesmo princípio. E funcionava. Só descobri quando os carros vieram participar das Mil Milhas. Um princípio básico de MecFlu. A forma perfeita na aerodinâmica é uma gota. Nada mais que uma esfera com um cone de saída. Isso é, um cone perfeito. De perfil, um triângulo isóceles tangenciando a circunferência da esfera. E a curva de tomada de ar para o radiador dos protótipos do LMS seguia exatamente esse princípio. Uma circunferência com uma reta tangente, num ângulo que não existia descolamento da camada limite. Tudo muito elementar...

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